"Já fez um ano e naquele jantar onde nos encontramos, frente a frente ficámos. Mal sabia o que fazer, fitava-Te timidamente e com o meu olhar ia-Te desejando, venerando-Te a cada momento e perguntando a quem é dono da razão, para me chamar à terra. Proibido era a troca de olhares mas mesmo assim, insistia. Proibido era o desejo mas mesmo assim alcançava-Te. Como punhal a espetar no meu peito senti uma dor devido a ver-Te a trocar carinhos com o teu namorado, mas nem isso me impedia de te desejar ainda mais e de querer de alguma forma meter conversa naquela noite. Senti raiva, raiva dele, raiva de não poder estar no lugar dele e de poder amar-Te livremente sem medos. Agonia, era o que me ia na alma a cada copo que mandava para dentro, no fim o álcool toma conta de mim e lentamente fui adormecendo tal sentimento que julgava impossivel. Notei que reparás-Te no meu olhar e que os carinhos do teu namorado Te passavam desprecebidos. Acabei por desligar mas nunca obstante de tal desejo. Fomos todos a um bar, começamos a dançar o divertimento estava ao rubro, luz e cor rasgavam a noite criando um ambiente veronil embora estivéssemos no inverno. E foi então que voltei a ver-Te e mais do que nunca senti raiva. Mesmo não sendo minha, senti que podias ser. Que inveja, senti eu... que dor..."
in "Diários de um Louco"